Você provavelmente sabe que uma das operações mais rentáveis para os bancos é o empréstimo. Mas já pensou em emprestar dinheiro para o banco ao invés de pegar emprestado? Através do CDB isso é possível, e você ainda recebe juros por isso.

O banco tem diversas maneiras de arrecadar dinheiro para as suas operações. Uma delas é captando dinheiro de pessoas dispostas a emprestar em troca de juros no futuro. E existem algumas formas do banco fazer isso.

Como o CDB funciona

CDB é uma sigla para Certificado de Depósito Bancário, a ideia deste investimento de renda fixa é que o investidor empreste dinheiro para o banco. Com esse dinheiro o banco pode movimentar suas operações, e ele se compromete a devolver o dinheiro acrescido de juros ao investidor.

A ideia aqui é muito semelhante ao Tesouro Direto, mas no caso do Tesouro o dinheiro é destinado ao Governo. Já no CDB é o banco quem recebe esse dinheiro. De grosso modo, de qualquer forma, o funcionamento é parecido.

Assim, o banco pode capturar dinheiro de pessoas dispostas através do CDB. Esse dinheiro é usado para que o banco faça empréstimos para os seus clientes. Os clientes pagam ao banco e o banco então paga os investidores.

CDB: empreste para o banco ao invés de pegar empréstimo dele

É interessante observar, entretanto, que o banco cobra uma taxa de juros maior dos seus clientes do que paga aos investidores do CDB. Essa diferença é chamada de spread. Mas por que essa diferença?

Por alguns motivos. O primeiro é que é nessa diferença que o banco terá o seu lucro. O segundo é que o banco tem um risco maior do que você, investidor no CDB.

Mesmo que o banco não receba dos seus clientes ele deverá pagar os investidores. Como o risco do banco é maior, o seu prêmio também é maior.

No Brasil, entretanto, esse spread é bem alto quando comparado a outros países. Ou seja, em outros países a diferença de juros do que o banco paga dos investidores e cobra dos seus clientes é menor.

Rentabilidade

Existem algumas formas de calcular a rentabilidade do CDB, mas duas são as mais comuns: a prefixada e pós-fixada.

Prefixada

A prefixada, com o próprio nome diz, é definida antes da aplicação ser feita. Ela tem uma porcentagem fixa e não mudará até o final da aplicação.

Por exemplo, se um CDB prefixado for definido em 10% a.a. (ao ano) ele renderá 10% todos os anos independente do que acontecer com a economia até a aplicação vencer.

Pós-fixada

Já a pós-fixada usa um indicador financeiro e pode mudar ao longo do tempo. Os indicadores mais usados são o CDI e o IPCA, sendo o primeiro o mais comum.

O CDI é o Certificado de Depósito Interbancário, de forma resumida, é a taxa de juros que os bancos usam para emprestar dinheiro entre si. Ele é um pouco inferior a taxa SELIC, historicamente é 0,10% a menos.

Já o IPCA é o indicador oficial da inflação no Brasil. É calculado pelo IBGE e é utilizado pelo Governo para tomar várias decisões acerca da economia do país.

Assim, a rentabilidade do CDB pós-fixado é um múltiplo do indicador. Um CDB pode render 100% do CDI, assim se o CDI do período estiver valendo 5%, a aplicação irá render 5%. Agora, se o CDB render 120% do CDI ele irá render 6%.

Rentabilidade do CDB

Note que se o indicador aumentar ou diminuir durante o período, a aplicação também terá sua rentabilidade alterada. Mas o múltiplo será mantido até o final da aplicação.

Esses CDBs que rendem uma porcentagem do CDI também é chamado de CDB DI.

Existem também alguns CDBs que a rentabilidade é alterada de acordo com o valor investido. Até R$ 1 milhão, por exemplo, a rentabilidade é 100% do CDI. Entre R$ 1 milhão e R$ 3 milhões, a rentabilidade é de 103% do CDI; e assim por diante…

Vencimento

Todo o CDB vence em uma data. Esta é a data na qual o banco irá devolver o dinheiro investido mais o juro combinado.

A data de vencimento está intimamente ligada a rentabilidade da aplicação, quanto mais tempo o investimento durar maior será a sua rentabilidade. Isso acontece porque o banco terá mais tempo para usar o dinheiro, então ele paga mais por isso.

Não é apenas o vencimento que influencia na rentabilidade. A liquidez também tem influência.

Prazo de resgate

Os CDBs também tem prazo de resgate. Esse prazo é o tempo que leva para a instituição depositar na sua conta a partir do pedido de resgate.

Alguns CDBs têm resgate imediato, ou seja, no mesmo momento em que você solicitar o dinheiro já estará disponível na sua conta.

Existem aqueles que são D+0, onde o dinheiro estará disponível até o final do dia em que foi solicitado. D+1 é quando estará disponível no dia seguinte da solicitação e assim por diante.

Os prazos sempre são considerados em dias úteis.

Liquidez

Liquidez define quando os juros da aplicação são pagos. São basicamente duas opções: diária e no vencimento.

A liquidez diária é quando todos os dias os juros referente ao tempo da aplicação é pago. Então, todo o dia útil o saldo da aplicação aumenta um pouco.

A ideia é que esse valor seja proporcional para que ao final da aplicação a rentabilidade seja a combinada.

Liquidez do CDB

Já na liquidez no vencimento os juros referentes a rentabilidade do período investido serão pagos apenas no vencimento da aplicação. Assim, se você precisar resgatar o investimento antes do vencimento não receberá os juros.

Os CDBs de liquidez diária têm rentabilidade menor quando comparado aos CDBs de liquidez no vencimento.

Existe uma modalidade mista, onde a partir de uma data a partir do início da aplicação o CDB torna-se de liquidez diária.

Emissor

Todo o CDB tem um banco emissor, ou seja, o banco que irá receber o dinheiro dos investidores. Esse também é o banco que irá pagá-los.

O banco emissor também interfere na rentabilidade da aplicação. Quanto maior o banco, menor é a rentabilidade. Isso porque são menores as chances de calote. Menores os riscos, menores os prêmios.

O inverso é verdadeiro. Quanto menor o banco, maior a rentabilidade. Isso porque o risco do investidor, em teoria, é maior.

Valor mínimo

Alguns CDB também tem um valor mínimo para aplicar. Ou seja, se você não tiver o valor mínimo para investir não poderá aplicar neste CDB.

Essa regra é definida por cada CDB, por isso é importante ficar de olho em todas as informações da aplicação.

Riscos do CDB

Todo o investimento tem algum risco que está intrínseco a natureza da aplicação. O risco do CDB está associado ao banco que emitiu a aplicação.

Se o banco tiver algum problema, como falência, provavelmente não terá dinheiro para honrar seus compromissos. Entre eles, pagar os CDBs que emitiu.

Isso poderia ser um problema, mas não é…

FGC

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma instituição criada para garantir aos investidores que seus investimentos serão pagos.

Proteção do FGC para o CDB

O CDB é uma aplicação que pode ser coberta pelo FGC. Para ter certeza que está coberta você deve conferir caso a caso nos detalhes da aplicação.

O FGC garante até R$ 250 mil por instituição. Assim, se você tiver vários CDBs, de bancos diferentes, com até R$ 250 mil em cada estará coberto.

Se o banco emissor tiver algum problema, o FGC irá honrar seus CDBs. Isso depende de um processo burocrático e pode demorar um pouco, mas o dinheiro será pago.

Novamente, é importante verificar se a aplicação é coberta pelo FGC. A cobertura depende também do banco emissor, ela não é automática, mas está presente na maioria dos casos.

Impostos

Como a maioria dos investimentos de renda fixa, o CDB deve pagar imposto de renda (IR) através da tabela regressiva.

O IR é pago no momento do resgate da aplicação. A tabela regressiva define qual é a alíquota a ser paga, sendo que quanto mais tempo o dinheiro permanecer na aplicação, menor será a alíquota. As alíquotas são as seguintes:

  • 0 a 180 dias: 22,5%
  • 181 a 360 dias: 20%
  • 361 a 720 dias: 17,5%
  • Mais de 721 dias: 15%

O IR é sempre calculado em cima do lucro do investimento. Se você investiu R$ 100, resgatou R$ 110 então o IR deve ser calculado em cima de R$ 10. Se você deixou o investimento rendendo durante 200 dias, a alíquota é de 20%; então o valor do imposto é R$ 2. Logo, você irá resgatar o valor líquido de R$ 108.

É bom você saber calcular o IR, mas não é necessário fazer nenhum tipo de pagamento. No momento do resgate, o valor do IR é calculado e já é descontado.

Se você regatar um investimento em menos de 30 dias a partir da data da aplicação também precisará pagar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

De forma semelhante ao IR, o IOF tem uma tabela regressiva. Ela parte de 96% no dia seguinte do investimento indo até 0% a partir do 30º dia.

Assim, a melhor forma de economizar em impostos é só resgatar seu CDB a partir do 721º dia. Você não pagar IOF e o IR terá a menor alíquota possível.

Precisa de corretora?

Depende. A maioria dos bancos possui algumas opções de CDB na própria plataforma. Alguns deles são o Banco Itaú, Santander, Caixa ou Banco Inter. Esses são apenas exemplos.

Precisa de corretora para investir no CDB?

Agora, acontece a questão da rentabilidade e segurança. Cada banco só irá oferecer os seus próprios CDBs, então você não terá muita opção. Além disso, quanto maior o banco, menor a rentabilidade. Então se você estiver “preso” no mesmo banco não terá muitas alternativas.

Já as corretoras não tem essa ligação (exceto as corretoras de bancos), então elas oferecem CDBs de vários bancos, com várias opções de prazo, rentabilidade e segurança.

Corretora não é obrigatória, mas é uma boa ideia dar uma olhada nela antes de investir seu dinheiro no primeiro CDB que aparecer.

Comparação do CDB com outros investimentos

É natural querer comparar CDB a outros investimentos. Ele é principalmente comparado a duas aplicações: Tesouro Direto e poupança. Outra comparação que pode existir é em relação ao RDB do Nubank.

Tesouro Direto

O CDB é muito parecido quando comparado ao Tesouro Direto. A principal diferença é quem irá receber o dinheiro. No CDB é o banco quem recebe, já no Tesouro Direto é o Governo.

Em relação a rentabilidade é questão de escolha. Um CDB rendendo 100% do CDI com liquidez diária é muito parecido com o Tesouro Direto SELIC, por exemplo. Por isso é importante conhecer os detalhes das aplicações antes de investir.

O Tesouro Direto tem uma leve desvantagem quando a questão são as taxas e impostos. Ambos devem pagar IR e IOF (quando aplicar), mas apenas o Tesouro Direto precisa pagar a taxa de custódia da B3.

Apesar da taxa de custódia não ser alta, esse é um valor que você deve obrigatoriamente pagar. E esse tipo de taxa não existe quando o assunto é o CDB.

Agora, em relação a segurança a vantagem é do Tesouro Direto. Quem garante o Tesouro Direto é o Governo, já o CDB é o banco (mesmo sabendo que existe o FGC). E é mais fácil o banco quebrar do que o Governo.

Poupança

Assim como o CDB, os valores investidos na poupança também são direcionados ao banco. Sua segurança está associada ao banco (e ao FGC), então, nesse critério, as aplicações empatam.

Já na rentabilidade a vantagem pode ser do CDB. Isso porque a poupança rende 70% da taxa SELIC e podem existir CDBs com rentabilidade muito superior.

CDB x Poupança

Em relação aos impostos, a vantagem é da poupança. A poupança não deve pagar nenhum imposto em investimentos de até R$ 50 mil.

A liquidez da poupança é mensal, sempre que a aplicação fizer aniversário (mensal) os rendimentos são depositados. No CDB depende da regra de cada aplicação: pode ser desde liquidez diária até no vencimento.

RDB

A conta do Nubank, a NuConta possui uma característica interessante: o saldo da conta rende 100% do CDI automaticamente. Essa aplicação é chamada de RDB (Recibos de Depósito Bancário).

Ela tem as mesmas características de um CDB de 100% do CDI com liquidez diária. Os impostos também são automaticamente calculados e retidos.

Uma diferença é que o RDB não possui data de vencimento, diferente do CDB.

Atenção: o Nubank possui outra opção de rentabilizar o saldo da conta, essa outra opção é diferente e esta comparação não se aplica.

Quando vale a pena

Depende do seu objetivo.

Hoje é possível achar CDB de 100% do CDI com liquidez diária. Aceitar um CDB com rentabilidade inferior a essa não vale a pena para a maioria dos casos.

Agora, se não tiver necessidade de rentabilidade diária e puder deixar o dinheiro investido por um tempo voce tem outras opções mais rentáveis.

Quando CDB vale a pena?

Por isso, estabeleça bem seu objetivo. Pesquise em várias corretoras e escolha a aplicação mais adequada a sua realidade.

Simulador

Como o CDB faz parte da renda fixa, é possível simular qual será o valor que você terá ao final da aplicação.

Nós, do Passos da Fortuna, fizemos um simulador que te mostra esse valor já calculado com várias detalhes de porcentagem de rentabilidade, valor bruto, líquido, impostos, etc…

É só clicar aqui, colocar as informações do CDB que você está de olho e pronto!

Lembre-se que para CDBs pós-fixados o indicador usado pode mudar ao longo do tempo, então o valor final também irá mudar. O simulador usa o valor atual do indicador.

Conclusão

O CDB é um tipo de investimento onde um banco capta dinheiro para emprestar para outras pessoas. Nesse processo o banco lucra através dos juros e, parte desses juros, é direcionada ao investidor.

Este tipo de investimento é diferente do Tesouro Direto, por exemplo, apesar de fazer parte do mesmo grupo. Assim, cada CDB possui características diferentes.

Cada uma dessas particularidades determinam a segurança da aplicação e as suas aplicações dependendo do objetivo de cada investidor.

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